6.17.2012

Jorge Nuno Pinto da Costa mantém os hábitos
A Casa de Alterne



O senhor Jorge Nuno Pinto da Costa foi recebido na Assembleia da República, onde jantou com deputados azuis e brancos. Ao que consta, deputados de todos os partidos teriam estado representados no convívio. Não é a primeira vez que a Assembleia da República se dignifica ao receber nas suas vetustas paredes tão insigne e modelar figura, alguém que pelo seu exemplo de vida honra a casa da democracia.

Não sabemos se a actual – e jovem – concubina do ilustre ancião o acompanhou, algo que não seria de estranhar, sabendo-se que a sua anterior amásia mereceu a honra de entrar, por sua mão, no Vaticano e ali se inclinar perante Sua Santidade. Consta que a actual presidente do parlamento, também ela portista dos quatro costados, teve o cuidado de telefonar a Jorge Nuno Pinto da Costa, indicando-lhe o percurso desde a entrada em Lisboa até S. Bento.


- O senhor está onde, senhor Jorge Nuno?

- Olhe, estou a ber um morcóm com um braço esticado a apuntar em friente.

- Está no Saldanha. Pois siga nessa direcção que o Duque de Saldanha aponta, senhor Jorge Nuno. É sempre em frente.

- Pois sim. Olhe, já estou a ber outro morcóm agarrado a um leóm.

- É o Marquês. Corte na segunda à direita, e siga sempre em frente.  

- E depois?

- Depois, vai ter ao Largo do Rato e corta à esquerda, numa rua estreitinha, que desce. Vem ter logo a S. Bento.

- Sabe uma coisa, senhora presidenta? Se estiverem a grabar esta combersa, hão-de logo pensar noutra grabaçom, em que eu fazia o que Bossa Excelência está a fazer agora, e o árbitro Augusto Duarte era quem recebia as indicaçuões que eu estou a receber. Bire à esquerda, agora bire à direira, depois é sempre em friente.


E tudo correu como se fosse um jantar entre Deus e os anjos. E outra coisa não seria de esperar. Afinal, o presidente do FCP é um homem mundano. Se não há casa de alterne onde ele não seja bem recebido, porque não haveria de sê-lo na Assembleia da República?




6.09.2012



Do circo da selecção… ao circo da governação.

A pátria de chuteiras
- e de brincos, tatuagens, lamborghinis e lindos penteados



O «português» Pepe (só as patas) mostra a sua raça, arreganho e outras virtudes

Da querida selecção, era melhor nem falarmos. Mas ficava mal, agora que os «nossos rapazes», suprassumos da raça (Pepe também?), estão em liça para elevar ao mais alto nível as virtudes lusitanas. (Pausa para limpar uma incontida e patriótica lágrima).

Entre brincos de milhares, tatuagens lindíssimas (se aquilo é na pele, como não estará no cérebro…), lamborghinis e ferraris, penteados exóticos impulsionados por neurónios alienígenas, a troupe, liderada por um capitão sempre à coca das câmaras para fazer carinhas larocas, está ali para o que der e vier. E se vier depressa, poupam-se umas massas...

Sim, porque gente fina é outra coisa, por isso, a selecção nacional é a que paga mais por diária, mas já se sabe que a ordem é rica. Por cá, mantém-se a sopa dos pobres (perdão: isso era no tempo do fascismo; agora, são cantinas sociais) e os peditórios contra a fome – fome, mas democrática, note-se bem, que é perfeitamente suportável, compreensível e legitimada pela vontade popular. Fome negra, terrível, era a dos tempos da outra senhora.

Fátima em Maio; Futebol em Junho; Fado –triste – todo o ano. Outra vez os três efezinhos. Podia acrescentar outro F, mas é melhor suster os ímpetos.

Afinal, havia outra…
Portugal vai ter 500 mil jovens agricultores, a maior parte licenciados


O Primeiro-ministro aconselha agora os jovens desempregados a olharem para a Agricultura, como uma boa perspectiva de futuro. Pedro Passos Coelho lançou o repto, durante a visita que realizou à Feira Nacional de Agricultura, em Santarém. Aqui há um mês, a solução para os desempregados jovens era a emigração. Mas afinal, havia outra (solução). Dediquem-se à agricultura.

Mas como vai ser? Ocupam terras improdutivas? Isso é muito feio, antidemocrático e pode ser considerado um regresso ao PREC. E à Reforma Agrária. O Estado dá as terras? Ou vende? Ou estaremos a falar de hortas urbanas, quiçá, nas banheiras e marquises?

Ó Pedro, pá, podes explicar isso melhor à malta? Emigrar, é fácil, basta um mano meter os pés ao caminho. Mas ir para a ingrícula, assim do pé para a mão, meu, como é que estás a ver a cena?