8.09.2009

Intermezzo VII




Tríptico



Útero

No teu silêncio táctil, quase nuvem,
é de vitral submerso a alquimia.
Em lumes brandos me fazes e modelas,
enquanto as tuas mãos, lá fora,
desenham flores e vagos medos no berço em que me esperas.


Alma pater

Tu eras um afago de pão ainda quente,
o sal e o leite misturados no lento caminhar dos dias.
De longe, o teu olhar viril
vigiava o restolho nos meus passos
e reduzia o universo aos limites do meu corpo.
Nunca choravas, mas hoje sei das tuas lágrimas invisíveis,
quando decidiste abrir a mão que segurava a minha.


Em nome do filho

Pudesse eu de novo conceber-te
e receber o teu primeiro grito, pequena ave que fugiste incauta,
e abriria a porta de um poema onde morresse em teu nome.
Talvez assim voasses outros céus
e no sangue dos meus versos conseguisses alcançar o sol.


8.05.2009

Portugal está a saque


Viva a horda! Abaixo a ordem!


"Portugal é hoje um paraíso criminal onde alguns inocentes imbecis se levantam para ir trabalhar, recebendo por isso dinheiro que depois lhes é roubado pelos criminosos e ajuda a pagar ordenados aos iluminados que bolsam certas leis".

(Barra da Costa, criminologista)


A frase, na sua singeleza, diz tudo. Acrescentaria, por desfastio, que Portugal é um país de chicos-espertos, a começar por Sócrates e comandita, para quem, a verdade, a honra, a moral e os valores são coisas supérfluas e incómodas. Na realidade, o país está saque. Uma horda heterogénea saqueia o mais que pode.

Horda onde - note-se bem - se misturam as mais altas e respeitáveis figuras das administrações pública e privada e os vulgares gatunecos que por aí proliferam.