A divulgação das escutas que implicam Sócrates numa teia conspirativa para controlar a comunicação social e restringir, assim, a liberdade de opinião e expressão e, também, para condicionar a actuação do presidente da República, foi um magnífico exemplo de consciência e acção cívicas e patrióticas.
Na mesma semana em que Sócrates – em alto e bom som, ao que consta – exigiu o silenciamento de um jornalista incómodo, na senda do que já fizera em relação a outros jornalistas e órgãos de comunicação social, a divulgação das escutas do Face Oculta não só nos dá a verdadeira imagem da sua desprezível estatura moral e política – o que não será uma novidade absoluta – mas do ambiente de verdadeira promiscuidade que se estabeleceu entre o poder judicial e o poder político.
Referi, há tempos, neste mesmo espaço, que Sócrates estava a ser cozinhado em lume brando, e em lenha que ele próprio carregara. Disse, também – e cito: Sócrates, como político, entrou em coma. Resiste, ainda, porque está ligado à máquina dos interesses partidários e económicos – enfim, da conjuntura politica actual. Respira, porque está ventilado, mas já cheira a defunto. Já fede.
Não me preocupa a agonia de Sócrates, mas a agonia em que, por culpa dele e das suas políticas, está Portugal e estão os portugueses. E quando Sócrates se for, dele apenas ficando uma justa nódoa para a página que a história lhe reservar, iremos ver se a lição nos serviu para alguma coisa.