1.03.2010

EDP - uma arma da exploração nacional

A EDP tem razões para sorrir. Ou melhor: os seus accionistas têm razões para sorrir.
Depois de terem recebido esta jóia da coroa das mãos do governo, aumentam as tarifas como querem
e, ainda por cima, só pagam impostos sobre 50% dos dividendos que recebem.
Se…

Se a EDP estivesse nacionalizada, os 5.400 milhões de lucro líquido que obteve nos últimos 5 anos e nove meses, teriam servido para permitir que os aumentos que aí vêm, na ordem dos 2,9%, se ficassem por muito menos. Um por cento, não mais. E permitiriam que a maioria desse lucro fosse canalizada para reforçar os orçamentos da Saúde e da Educação, ou da Segurança Social, por exemplo.

Assim, como foi privatizada, os lucros vão encher os bolsos dos accionistas que, ainda por cima, pagam impostos apenas sobre 50% dos valores que embolsam em dividendos.

Se a EDP fosse uma empresa nacionalizada, os seus lucros permitiriam que os portugueses tivessem melhor Saúde, melhor Educação, ou melhor Segurança Social, e pudessem consumir mais, porque uma electricidade mais barata permite mais poder de compra e a produção de bens e serviços menos caros, logo mais acessíveis.

Isto é: se a EDP fosse uma empresa pública, os portugueses viveriam melhor e o país poderia desenvolver-se. E o que se passa com a EDP, passa-se com todos os sectores estratégicos da nossa economia.

Se o PS fosse um partido de esquerda, mesmo que socialista só de nome, nacionalizava a EDP, para não permitir que os portugueses pagassem, com língua de palmo, os lucros fabulosos dos ricos. E para que o país saísse desta apagada e vil tristeza em que está hibernado.

Mas isso era
Se…

5 comentários:

Anónimo disse...

Curto, simples e esclarecedor. Define bem o que é a esquerda e a direita. O que é uma política ao serviços dos ricos e o que seria uma política ao serviço do país.

Estou de acordo. Venham mais destas.

Carlos Lopes

Diogo disse...

Porque é que a comunidade civil não vai ter com esses governantes do PS e lhes pede explicações tête à tête?

Monte Cristo disse...

Porque a sociedade civil, caro Diogo, não está organizada - nem mentalizada - para o efeito. A sociedade civil endossa para os partidos toda a responsabilidade da coisa política.

Pior: a sociedade civil está dividida pelos partidos, chegando-se ao cúmulo de uma coisa ser boa se for o «nosso» partido a fazê-la, e ser péssima se for o dos «outros».

Mas, deixemo-nos de ingenuidades. É precisamente nesta falácia que assenta a «nossa democracia». Que é, sem tirar nem pôr, a «democracia deles».

Diogo disse...

Então há que recuperar a democracia para nós, assim como o poder.

Monte Cristo disse...

Também acho.

Mas para «recuperarmos» a democracia, há que deter o poder económico e o poder ideológico. Se eles continuarem a deter as alavancas económicas e a comunicação social, fica tudo na mesma.

Por outras palavras: se esta democracia é a ditadura deles, a nossa democracia deverá ser a nossa ditadura. Mas a nossa deixará de ser ditadura se - e quando - o poder for exercido por - e para - a maioria.

Ou não?