10.31.2010

OGE - Outro Gigantesco Engano


Aleluia!



O país respirou de alívio. Depois de negociações verdadeiramente dramáticas, o OGE vai passar. Muito obrigado, PS. Obrigadíssimo, PSD. Com este OGE, Portugal vai salvar-se da bancarrota, reconquistar o prestígio internacional a abrir o caminho a um futuro finalmente radioso. Ou, pelo menos, tranquilo e estável. A crise vai ser vencida. Aleluia!



Apenas me ficou uma dúvida. Se toda a gente detinha - dos governantes actuais aos governantes passados - as receitas para salvar o país e transformá-lo, pelo menos, numa coisa menos fétida, porque se deixou chegar o doente ao estado a que chegou? Desconfio que nenhum dos salvadores da pátria sabe a resposta. Ou, se a sabe - o que é mais certo - prefere guardar um prudente silêncio.



Mas o país vai salvar-se, e isso é que interessa. E vai salvar-se porque vem aí mais fome, mais desemprego, mais crédito malparado, mais falências, mais criminalidade. Todos os indicadores económicos a sociais baterão no fundo, mas o país estará a salvo. Em termos estatísticos, teremos uma acentuada melhoria no que respeita à saúde dos portugueses a ao progressivo envelhecimento da população, pois haverá menos doentes e menos velhos, sem ser necessário recorrer às câmaras de gás. Morrerão natural e antecipadamente em consequências das medidas sabiamente adoptadas.



Parabéns, PS. Parabéns, PSD. Um país roto e faminto, mas grato pela vossa competência, agradece o esforço. E até acha que não merecia tanto.



Chocalham de riso os ossos de Salazar. Mas isso, só os mais velhos ouvem.

10.03.2010

República





República?


De vez em quando cai uma bandeira

e outra se levanta em seu lugar.

Agita-se a nação, unida, inteira,

de mão estendida e esperança no olhar.


De vez em quando alguém cai da cadeira

e a noite rumoreja um despertar.

De vez em quando um cravo é a maneira

que a Liberdade tem de se mostrar.


De vez em quando ao Rei sucede o Ás

e um bando de doutores e engenheiros

(ou disso se gabando, tanto faz).


No trono continuam cem banqueiros,

de gula tão feroz e tão voraz,

que nada resta aos homens verdadeiros.