8.22.2007

Notícias do país do «engenheiro»



A bela sesta lusitana
Campeões Europeus da Desigualdade


Portugal é o Campeão Europeu da Desigualdade. E ninguém, no Governo, fala disso. Bico calado, é a ordem do «engenheiro» feito à pressa. Mas o que acontece – e contra factos não há argumentos – é que as políticas económicas neoliberais executadas em Portugal desde há muitos anos – e selvaticamente intensificadas pelo governo Sócrates – reflectem-se nos indicadores estatísticos.

Os dados agora revelados pelo Eurostat, o serviço estatístico da União Europeia, revelam que Portugal já é o campeão europeu da desigualdade na distribuição do rendimento nacional: tem o pior Coeficiente de Gini do continente. Os ricos esfregam as mãos, os pobres e remediados enganam a fome. É o país de Sócrates a caminho do apogeu.
Uma economia fraquejante

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) português desacelerou no segundo trimestre do ano face ao anterior, mas apesar do abrandamento o Governo diz-se optimista e, segundo o ministro das Finanças, é o investimento e não o consumo das famílias (que estão tesas) quem está a "puxar" pela economia nacional. O aumento do PIB ficou 0,1% acima do ritmo de crescimento da Zona Euro, como, aliás, acontecera entre Janeiro e Março. Ainda assim, face à União Europeia (que cresceu 0,5%), a economia portuguesa volta a não convergir. É a Europa cada vez mais longe deste beco sem saída a que chamamos Portugal.

Conclusão: a economia portuguesa fraqueja e continua a ser, na União Europeia, a segunda com uma taxa de crescimento homólogo mais baixa.

Por isso, a habitação está em queda, com menos contratos e menor volume. Foi este o comportamento do crédito à habitação no continente, no primeiro trimestre, marcado por uma queda de 12,16% no número de contratos e de 9,89% nos montantes globais dos empréstimos face ao período homólogo. Por outro lado, o aumento das taxas de juro impostas do estrangeiro estrangula o sector e destrói o direito à habitação de milhares de portugueses.
Uma chaga chamada desemprego

Também por isso, a taxa de desemprego no segundo trimestre do ano atingiu os 7,9%. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, mais de 440 mil pessoas estão sem emprego. São mais 40 mil desempregados do que no mesmo período do ano passado. Este crescimento é justificado pelo INE com a queda geral da população empregada (menos 26.200 indivíduos), a diminuição do emprego nos homens (menos 14.900 pessoas) e a perda de emprego sofrida pelos indivíduos com menos de 35 anos (caíram no desemprego 58 mil pessoas). Este fenómeno do desemprego está a atacar particularmente os jovens entre os 25 e os 34 anos. Nos meses de Abril, Maio e Junho, 17.200 indivíduos ficaram sem emprego, o que dá uma média de 191 desempregados por dia.

Mas aos 440 mil desempregados registados pelo INE é preciso somar mais 80 mil indivíduos que já desistiram de procurar emprego (inactivos desencorajados) e aqueles que, estando dispostos e em condições de trabalhar, nada fizeram para encontrar trabalho (inactivos disponíveis). Ao todo são 520 mil pessoas que estão sem emprego.

Mas os ministros falam e garantem que tudo vai bem sob a governação «socialista».
OCDE garante: os mais mal pagos da União Europeia

Contudo, num país que caminha para o zero absoluto, para se desfazer nos cofres dos senhores da banca e dos grandes impérios económicos e das multinacionais, um outro dado foi divulgado para grande alegria das hostes. Os preços médios em Portugal são cerca de 20% mais baratos do que na União Europeia a 15 membros. No entanto – e aqui é que bate o busílis – os portugueses ganham em média cerca de 40% menos que os cidadãos desta Europa da qual dizem que somos parte. E isto, meus amigos, não sou eu que digo, para denegrir Sócrates e a sua turba, mas são dados recentíssimos da OCDE, ou seja, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Os números europeus mostram, sem motivos para desmentidos, que os portugueses são os mais mal pagos da União Europeia a 15. Ou seja: apesar de conseguirem comprar os produtos mais baratos, o que é uma vantagem, os portugueses têm salários percentualmente ainda mais baixos, o que significa penúria, sofrimento, insegurança e, em última análise, cada vez mais fome e miséria.
Carga fiscal carrega cada vez mais

E o pior, é que para agravar as condições dos portugueses, a carga fiscal tem vindo a crescer. O organismo de estatísticas da União Europeia conclui que a carga fiscal portuguesa atingiu os 35,3% em 2005, quando dez anos antes se encontrava nos 31,9%. Fazendo as contas aos valores do PIB divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a preços do ano passado, esta variação representa um aumento de 5,2 mil milhões de euros. Aliás, a avaliar pelo último Boletim da Primavera do Banco de Portugal, a carga fiscal terá aumentado 37% em 2006.
Roubar na estrada
Acrescento um dado que diz tudo. Um familiar meu, que foi para França à procura de uma vida mais desafogada e digna, veio agora passar férias a Portugal. Entre as várias coisas que me contou, exemplificativas do nosso vergonhoso atraso em relação aos nossos parceiros europeus, retive para vos contar este singelo exemplo.

Tendo-se deslocado de automóvel, pagou de portagens, por 850 km, entre Paris e Espanha (fronteira de Bayonne), 25 euros. Em Espanha, entre Bayonne e Salvaterra, sempre por auto-estrada, e por 892 km, pagou 12 euros. Em Portugal, de Valença ao Porto e do Porto a Lisboa, num total de apenas 450 km, pagou 44 euros.

Isto é: por 1.742 km de auto-estrada, percorridos em França e Espanha, paga-se 37 euros. Por 450 km de auto-estrada, em Portugal, paga-se 44 euros, o que dá uma média de 2 cêntimos/Km em França e Espanha, e cinco vezes mais, ou seja, 10 cêntimos/Km em Portugal. Dito de outra maneira: É mais caro 8 euros percorrer 450 km de auto-estrada em Portugal, do que percorrer quase quatro vezes essa distância em França e Espanha.

Nunca a expressão «roubar na estrada» teve uma aplicação tão apropriada.
Drogai-vos - e copolai-vos - uns aos outros

Mas para se provar que Portugal é um país desenvolvido, aí está, finalmente, mais uma grande medida do Governo «socialista». Os presos toxicodependentes vão ter direito a um kit para satisfazerem o seu meritório e saudável vício. Será composto por duas seringas com agulha e invólucro de protecção, um filtro, um toalhete desinfectante, uma carica para preparar o caldo, uma carteira de ácido cítrico (substitui limão, para ‘cozer’ a heroína), uma ampola de água bidestilada e um preservativo.

Só falta a droga, claro, mas acho que o governo já deve ter pensado nesse detalhe, que, para mim, constitui mistério. Como é que a droga entra numa prisão – que deveria ser, por definição, o lugar mais seguro e vigiado do país – é um caso para ver. Se os guardas prisionais cumprirem a sua obrigação com eficácia, nenhuma droga entrará, mas aí, como se prevê, será legítimo que os detidos se sintam lesados nas suas justas expectativas, e perguntem ao governo para que raio serve o kit? Expliquem-me lá quem é que vai fornecer a droga – e como – para eu ficar tranquilo. Será alguma Fundação, a criar em breve, gerida por alguns boys e girls ainda sem job?
Em tratar e recuperar para a sociedade estes pobres coitados, em vez de lhes estimular o vício e as aberrações sexuais, não oiço ninguém falar. Muito menos em melhorar a segurança das prisões, não alimentando, o tráfico de droga que, aliás, a partir de agora, tem toda a razão de ser. Com que legitimidade, daqui para frente, se poderá impedir um familiar de levar droga ao detido que vai visitar, se é o próprio Estado que, em vez de o tratar, lhe oferece o necessário para que continue a drogar-se?

Entretanto, até 15 de Julho de 2008, ou seja, no espaço de um ano, o Estado português deve gastar mais de 11 milhões de euros na realização de abortos.

Está bem. Pagamos as seringas e pagamos os abortos. É verdade! Acho que nos vai sair em cima uma nova taxa para os Bombeiros. Já agora… para quando uma taxa – um imposto de circulação pedonal – para quem andar a pé na rua? É que as pedrinhas da calçada sempre se vão desgastando e, parecendo que não, conservar os passeios custa dinheiro.

Não é?

8.19.2007

É tudo natural e positivo



O Governo no País das Maravilhas


Dados agora revelados pelo Eurostat, o serviço estatístico da União Europeia, revelam que Portugal já é o campeão europeu da desigualdade na distribuição do rendimento nacional: tem o pior Coeficiente de Gini do continente. Nada que incomodo o governo, que entendeu por bem não emitir um pio sobre tão triste realidade. De férias, no estrangeiro, o «engenheiro» Sócrates com a sua «namorada», estão acima destas minudências.


A desaceleração do crescimento da nossa economia, que nos distancia cada vez mais dos nossos parceiros europeus, é desvalorizada pelo ministro das Finanças, para quem estas são "oscilações habituais e não preocupantes", não comprometendo a convergência com os 27. Portugal, garante Teixeira dos Santos, está a "aproximar-se da média europeia". Amanhã já posso ir às compras e, depois de amanhã, passo a fazer três refeições por dia.


A taxa de desemprego, no segundo trimestre do ano, atingiu os 7,9 %. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), mais de 440 mil pessoas estão sem emprego. São mais 40 mil de-sempregados do que no mesmo período do ano passado. Este crescimento é justificado pelo INE com a queda geral da população empregada (menos 26 200 indivíduos), a diminuição do emprego nos homens (menos 14 900 pessoas) e a perda de emprego sofrida pelos indivíduos com menos de 35 anos (caíram no desemprego 58 mil pessoas). O governo não acha a situação preocupante e até consegue ver, não percebi bem onde, algo de positivo nesta triste história.


Entretanto, apesar dos preços médios em Portugal serem cerca de 20 por cento mais baratos do que na União Europeia a 15 membros, os portugueses ganham em média cerca de 40 por cento menos, de acordo com os últimos dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Os números europeus, que mostram também que os portugueses são os mais mal pagos da União Europeia a 15, indicam que as contas da água, luz e gás se contam entre os serviços mais baixos e as telecomunicações entre os mais caros. Com efeito, os preços das telecomunicações são, em média, dois por cento superiores aos dos restantes países da União Europeia a 15. Ou seja, apesar de conseguirem comprar os produtos mais baratos, o que é uma vantagem, os portugueses têm salários percentualmente ainda mais baixos, o que significa que não podem fazer grandes poupanças com base no desfasamento registado pelo Eurostat (o organismo responsável pelas estatísticas da União Europeia).
Para agravar as condições dos portugueses, a carga fiscal tem vindo a crescer. O organismo de estatísticas da União Europeia conclui que a carga fiscal portuguesa atingiu os 35,3 por cento em 2005, quando dez anos antes se encontrava nos 31,9 por cento. Fazendo as contas aos valores do PIB divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a preços do ano passado, esta variação representa um aumento de 5,2 mil milhões de euros.
Contudo, a avaliar pelo último Boletim da Primavera do Banco de Portugal, a carga fiscal terá aumentado 37 por cento em 2006.
Teixeira dos Santos sorri e diz que vamos no bem caminho.

8.13.2007

Mas eles vão morrendo...

As notícias que me alegram os dias

Na panóplia diária da informação, sobram sempre as más notícias. A primeira, é que o PS ainda é governo. A segunda, é que os EUA ainda dominam o mundo. Por isso, aumentam as taxas de juro, os bancos e as seguradoras nunca ganharam tanto - mas os seguros vão aumentar - os preços dos bens essenciais vão voltar / continuar a subir, os impostos não baixam, mas o imposto sobre os combustíveis - e os próprios combustíveis ainda vão aumentar mais. No mundo, continua a guerra de pilhagem, ainda mais feroz e descarada do que nos melhores tempos da época colonial.

Sócrates e Bush abrem a boca e o mundo fica mais escuro. Mas, de vez em quando, em rodapé na TV, ou escondida no fundo de uma página par dos jornais, lá vem a boa notícia: foram mortos mais uns quantos soldados norte-americanos no Iraque e no Afeganistão.

Em Agosto, no Iraque, já foram abatidos, pela resistência, 29 inimigos, o que eleva as baixas norte-americanas para 3.684. No afeganistão, em 11 de Agosto, foram abatidos mais quatro soldados de Bush e outro britânico.

Enfim. Nem tudo são más notícias...