O Governo no País das Maravilhas
Dados agora revelados pelo Eurostat, o serviço estatístico da União Europeia, revelam que Portugal já é o campeão europeu da desigualdade na distribuição do rendimento nacional: tem o pior Coeficiente de Gini do continente. Nada que incomodo o governo, que entendeu por bem não emitir um pio sobre tão triste realidade. De férias, no estrangeiro, o «engenheiro» Sócrates com a sua «namorada», estão acima destas minudências.
A desaceleração do crescimento da nossa economia, que nos distancia cada vez mais dos nossos parceiros europeus, é desvalorizada pelo ministro das Finanças, para quem estas são "oscilações habituais e não preocupantes", não comprometendo a convergência com os 27. Portugal, garante Teixeira dos Santos, está a "aproximar-se da média europeia". Amanhã já posso ir às compras e, depois de amanhã, passo a fazer três refeições por dia.
A taxa de desemprego, no segundo trimestre do ano, atingiu os 7,9 %. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), mais de 440 mil pessoas estão sem emprego. São mais 40 mil de-sempregados do que no mesmo período do ano passado. Este crescimento é justificado pelo INE com a queda geral da população empregada (menos 26 200 indivíduos), a diminuição do emprego nos homens (menos 14 900 pessoas) e a perda de emprego sofrida pelos indivíduos com menos de 35 anos (caíram no desemprego 58 mil pessoas). O governo não acha a situação preocupante e até consegue ver, não percebi bem onde, algo de positivo nesta triste história.
Entretanto, apesar dos preços médios em Portugal serem cerca de 20 por cento mais baratos do que na União Europeia a 15 membros, os portugueses ganham em média cerca de 40 por cento menos, de acordo com os últimos dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Os números europeus, que mostram também que os portugueses são os mais mal pagos da União Europeia a 15, indicam que as contas da água, luz e gás se contam entre os serviços mais baixos e as telecomunicações entre os mais caros. Com efeito, os preços das telecomunicações são, em média, dois por cento superiores aos dos restantes países da União Europeia a 15. Ou seja, apesar de conseguirem comprar os produtos mais baratos, o que é uma vantagem, os portugueses têm salários percentualmente ainda mais baixos, o que significa que não podem fazer grandes poupanças com base no desfasamento registado pelo Eurostat (o organismo responsável pelas estatísticas da União Europeia).
Para agravar as condições dos portugueses, a carga fiscal tem vindo a crescer. O organismo de estatísticas da União Europeia conclui que a carga fiscal portuguesa atingiu os 35,3 por cento em 2005, quando dez anos antes se encontrava nos 31,9 por cento. Fazendo as contas aos valores do PIB divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a preços do ano passado, esta variação representa um aumento de 5,2 mil milhões de euros.
Contudo, a avaliar pelo último Boletim da Primavera do Banco de Portugal, a carga fiscal terá aumentado 37 por cento em 2006.
Teixeira dos Santos sorri e diz que vamos no bem caminho.
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