11.18.2007

Henri Tolouse-Lautrec, O Beijo


Sobre o meu corpo, nosso

Vivo, sobre o meu corpo morto,
duplico-me nos teus olhos minguantes.
Deixar-me-ia ali, num caótico silêncio,
meditando à sombra de outros sonhos,
se não fosse urgente dar-nos a ilusão da vida.

Morto, sobre o meu corpo vivo,
ladeio a pausa solitária da tua boca contida,
e acendo um extenso perigo rutilante
na lucidez dos vasos sanguíneos.

Vivo, sobre o meu corpo vivo,
invado-me da certeza oceânica dos poros,
infatigável matriz sem continentes.

Tão simples como as pedras somos nós,
barcos de navegar momentos e naufrágios.

2 comentários:

São disse...

Muito bem: tanto o poema como Toulouse-Lautrec...
Peço para me visitares: Flávia precisa de que façamos alguma coisa e eu gostaria de te ouvir!
Abraço fraterno!

Graça Pires disse...

Os sonhos, outros, dizes tu. Ou a sombra deles. O silêncio. A nostalgia. A fragilidade forte de quem navega "momentos e naufrágios". Gostei do poema. Um beijo.