11.02.2007

A Morte ao serviço do Défice


Viver ou morrer passa pelo equilíbrio do défice,
atentamente observado pela sombra sinistra do Frankenstein da Saúde


A Sombra e as «Listas»


Perto de 400 mil doentes esperam uma primeira consulta com um médico especialista hospitalar, normalmente marcada depois de um diagnóstico de doença (ou suspeita de doença) nos Centros de Saúde.

Somando consultas e cirurgias, há quase 600 mil doentes em lista de espera nos hospitais públicos, mais de 5% da população. Só...
Não concordo. Os números são, seguramente, muito inferiores. Estou certo que muitos destes nossos compatriotas - nossos irmãos - já desistiram de esperar. Segundo sei, muitos deles - muitíssimos deles - foram agora visitados (nos dias 1 e 2 de Novembro), nos locais onde finalmente descansam em paz, livres, enfim, do «engenheiro» Sócrates e o seu Frankenstein da Saúde (Correia de Campos, para os mais distraídos).
Que, naturalmente, respiram um pouco mais aliviados.
E o défice, por consequência, também.

5 comentários:

Graça Pires disse...

Olá João Carlos. Junto o meu protesto ao teu. E ofereço-te um poema:
O meu país às vezes dói.
Há um remorso enrolado
no sorriso das mulheres
que envelheceram a sonhar
um destino sem sombras.
Fixam-se os olhares em busca
de um alento e alastram, na pele,
as marcas da tristeza.
Há quem asfixie de medo,
pensando que a morte
é a única e possível redenção.
Um beijo.

Monte Cristo disse...

Obrigado, Graça. Pela solidariedade para com este povo e pelo teu poema (belo e doce, como sempre).

Estive há pouco (minutos, vê lá...) a falar pessoalmente com o «Mar Arável» a propósito de várias coisas, e às tantas ele falou-me de uma tal Graça Pires, cuja poesia ele muita admira.

Sorri-me, e respondi-lhe que «conheci-a, há alguns anos, na Baixa da Banheira, onde descobrimos que éramos colegas. Depois disso, ainda nos encontrámos uma vez ou outra, mas tinha-lhe perdido o rasto, até a reencontar no teu (dele) blog».

Quanto à morte, ela não passa de um mero momento transitório, que nada e tudo redime. Ou recicla?

Um beijo.

Graça Pires disse...

João Carlos, gosto de saber que vão gostando da minha poesia. Á função do meu blogue é dá-la a conhecer, pois, como sabes os meus livros quase não chegam às livrarias. Obrigada e um beijo.

São disse...

Mas alguém disse a essas pessoas para adoecerem?... Estão doentes, com problemas de vária ordem?...Que interessa? Toda a gente sabe que vai morrer algum dia, porquê o drama?
Importante é a tragédia dos mandantes e respectivos familiares de Bancos e afins, pobres criaturas!!
Bom domingo.

Monte Cristo disse...

Olá, São.

Maus hábitos, né? As pessoas habituaram-se a comer, a ter trabalho e ordenado, a ter escolas e centros de saúde, enfim, julgaram que era tudo um mar de rosas.Pensaram - vê lá tu! - que tinham direito natural a isso tudo.

Não percebeu, essa estúpida e ambiciosa gentinha, que os direitos normais dos seres humanos são os praticados na Serra Leoa ou no Sudão. Tudo o mais são privilégios imorais.

Felizmente que Sócrates está a pôr a malta nos eixos.