4.16.2008


Motu continuo


Miriam, a que dançava entre véus de penumbra,
foi a primeira fome do meu corpo.

Intacta a guardo, violadora de todos os momentos,
prolongando os gestos e o sorriso navegável
nas vigílias mais antigas que recordo.
Demorávamos o olhar nos olhos um do outro,
até que o tempo nos vencesse
e invocasse a posse desse instante.

Então, de lumes sempre novos se fazia a vida,
mas só porque eu ainda não sabia que no amor
nada se perde, nada se cria,
tudo se repete.

7 comentários:

Graça Pires disse...

No caminho do corpo talvez haja outra fome, outro gesto, outra sede. Talvez "de lumes sempre novos se faça a vida".Talvez...
Gostei imenso do teu poema rapaz.
Tenho muita pena que não estejas lá, onde vai acontecer "Uma imensa mancha de sonhos". Mas entendo essa tua autêntica escravatura. Um grande beijo.

São disse...

Será Miriam o teu amor eterno?!
Mas ha´amores que sempre duram?!
Ou é só aquilo que poderia ter sido e não foi?
Ou é só uma poesia?

Eu sei. já me fizeram notar que ponho sempre muitas questões!

Feliz fim de semana, querido amigo.

Monte Cristo disse...

Graça. Há sempre outros caminhos. A eterna busca da plenitude.

São. O poeta é um fingidor. E amores eternos, minha amiga, são aqueles que não passaram de sonho. Não nasceram... não morreram.

São disse...

ABRIL, SEMPRE!!

São disse...

Li a tua Crónica: certeira, como sempre!
Feliz semana , amigo.

São disse...

Amigo, bom 1º de Maio!
Abraço fraterno.

Anónimo disse...

Acabei de criar um blog chamado "Sem amos" e quando procurava as palavras do Pe. Antonio Vieira encontrei o seu blog, gostaria de saber se há algum problema pelo facto do nome do meu novo blog ser bastante parecido com o do seu?

Cem anos de Solidão é também o meu livro de eleição.
Cumprimentos