7.26.2009

Portugal, hoje




Poema para quem ficar

Um dia, virão pelo mel que guardámos.
Queimada a casa e degolado o cão, imolarão os nossos filhos
em nome das verdades decretadas entre sedas e olhos de serpente.
Talvez te violem sobre cardos, depois de me encostarem às tábuas da lei,
para que pareça justo o festim das balas.

Já hoje os decifro, ainda no seu aspecto de pombas,
tecendo labirintos de brisas onde esvoaçam outros ventos,
promessas de novos holocaustos, coloridos de frágeis açucenas.

Mulher. Esconde estas palavras onde ninguém saiba,
para que um dia possas dizê-las aos cegos sobrevivos.

2 comentários:

São disse...

Este teu esplêndido poema é um grito de verdade e coragem neste pântano de corrupção em que todos nos estamos atolando.

Um fraterno abraço, Amigo!

Graça Pires disse...

Obrigada por este poema. Já o guardei para mim. Para não esquecer. Um beijo.