1.28.2008

Viver e morrer em Portugal


Na Bolsa de Valores, os capitalistas devoram-se uns aos outros,
depois de sugarem o sangue dos portugueses
A náusea e o vómito
As Bolsas de Valores, segundo alguém disse, são os locais onde os capitalistas se devoram uns aos outros. Por isso, meus amigos, estou-me nas tintas para o facto das acções subirem ou descerem. Ali, o negócio é virtual, na medida em que nada daquilo tem a ver com a vida real. Vendam-se as acções ao preço que se venderem, os parafusos continuam a ser feitos como no dia anterior, o peixe continua – ou não – a ser pescado, as searas crescem ou definham conforme o tempo e o mérito do agricultor mandarem, e as couves e as batatas desenvolvem-se sem se incomodarem com quem compra ou vende acções, e a que preço.

Aliás, ainda ninguém me explicou porque é que uma empresa tem, num dia, acções na bolsa a determinado valor e, no dia a seguir, sendo exactamente a mesma – e fazendo exactamente a mesma coisa e ao mesmo preço – passa a valer mais, ou menos.

Por explicar, pelo menos em termos racionais – está o facto de, um certas alturas, as acções descerem e, aos gritos, os economistas, analistas, comentadores e políticos desatarem a proclamar maus tempos – tempos terríveis – para quem não tem empresas, nem acções. Cheira-me a esturro.

Outra coisa que falta explicar, é porque os lucros fabulosos conseguidos na especulação – porque é disso que se trata – bolsista, não pagam os mesmos impostos que nós pagamos só pelo simples facto de trabalharmos e ganharmos para a bucha. Ou pagamos sobre as nossas tristes pensões.

As políticas assassinas do PS


As urgências foram transformadas, pelo governo PS ,em antecâmaras dos cemitérios

O que me rala são as pessoas que morrem à porta de urgências encerradas, e as palavras criminosas de um ministro da Saúde, ao defender a tese sublime de que ninguém pode provar que as pessoas se salvariam caso as urgências estivessem abertas.

Espero bem que um dia seja julgado, tal como o seu presidente do conselho de ministros, o inefável e sinistro «engenheiro» Sócrates (o verdadeiro promotor destas políticas), por todos estes atentados à vida e à saúde dos portugueses.

E não deixo de registar, com repulsa, a pressa do pai do bebé de Anadia em absolver o governo, o que me levou a pensar aquilo que depois se confirmou. «Aí está um socialista de gema». Não quero dizer que, naquele caso concreto, a morte não fosse o desfecho inevitável. Mas não será que afastar os serviços de urgência das populações é arriscar a perda de vidas em nome de critérios economicistas. O que vale mais? A vida, ou o défice?

Por tudo isto, Portugal enoja-me. Como nunca me enojou. E – podem crer – a náusea é minha velha companheira, pois já tinha os olhos e o espírito bem abertos durante os tempos em que a ditadura impunha as suas regras e fazia cumprir os seus desígnios.

Mas se em ditadura tudo se espera, em democracia o que é expectável é o respeito pelo cidadão que elege quem se propõe governá-lo e, com os seus impostos, sustenta o Estado. Estado que outro papel não tem que não seja fazer reverter para os cidadãos e para o país, de forma justa e eficaz, o que recolhe de cada um de nós. Escuso de me cansar a dizer que nada disso acontece em Portugal.

Tenho afirmado várias vezes que, hoje em dia, as diferenças entre o sistema democrático em vigor – se de democrático merece o nome… – e a ditadura, são apenas as que se relacionam com o voto (é menos condicionado), a liberdade de expressão (é teoricamente permitida) e a garantia, também teórica, de ninguém ser prejudicado pelas suas opções ideológicas, o que impede a existência, por exemplo, de presos políticos.

Na verdade, as coisas não são bem assim. Antes do 25 de Abril, tive oportunidade de votar em listas da oposição, e lembro-me de acompanhar o meu pai às mesas de voto nas eleições presidências a que concorreu Humberto Delgado. É certo que os resultados nas urnas, fossem eles quais fossem, eram sempre transformados em vitórias dos candidatos do regime, tal como é certo que os cadernos eleitorais eram uma enorme farsa, de onde eram excluídos milhares de eleitores, mas onde os mortos podiam votar, pois faziam-nos pelas mãos dos legionários e outros esbirros do fascismo.

Partidos do Poder - a antítese da democracia

Os partidos que ocupam o poder arrebanham apoiantes, votos e fidelidades, que depois traem indecorosamente


Mas o que se passa, hoje, com o nosso voto? Votamos em quem? Porquê? Para quê? Fomos induzidos a tomar opções partidárias, a fidelizar-nos a um determinado partido e, a partir daí, tornamo-nos servos dessa estrutura política, abençoando-a com o nosso voto e apoio activo. Ou remetendo-nos, passivamente, como silenciosos cúmplices, às suas piores práticas.

Aceitamos como prática normal – e até achamos excelente, se tal vier do partido a que aderimos – que a mentira, o discurso ardiloso, a vã promessa eleitoral e a manipulação ou coação psicológicas sejam armas da luta pelo poder. Sujeitamo-nos, depois, às consequências nefastas das políticas levadas a cabo, mesmo que estejam nos antípodas do prometido e se revelam absolutamente contrárias aos nossos interesses e direitos, atirando-nos para o desemprego, levando-nos a casa e o pão, limitando-nos – ou vedando-nos – o acesso à saúde e à educação. A isto, de facto, se chegou.

Ou seja: pela força e atropelo – em ditadura – ou pela subtil manipulação – em dita democracia – os resultados são iguais. O poder político faz o que sabe fazer, que é, ontem como hoje, asfixiar o mais possível o cidadão, extorquindo-lhe directamente (pelos impostos) ou indirectamente (pelos mecanismos que levam à perda do poder de compra, de que a inflação superior aos aumentos salariais é o melhor exemplo), e oxigenar os detentores do poder económico que, com as variações que o tempo e os métodos construíram, são os mesmos que o fascismo alimentava.

Quanto à liberdade de expressão, meus caros amigos, experimente usá-la quem depender profissionalmente de alguém afecto ao partido no poder, caso não partilhe das mesmas simpatias. Experimente um candidato a um emprego deixar entender a sua ideologia ou cor partidária, e depois diga que não percebeu as razões da exclusão.

Ainda sobre a liberdade de expressão, veja-se quem tem acesso às grandes tribunas da comunicação social escrita e falada, e atente-se nos critérios, ditos jornalísticos, que alinham cientificamente as notícias, seleccionam os comentadores, convidam analistas e valorizam – ou desvalorizam – as diversas iniciativas políticas ou partidárias. Mais uma vez, aquilo que a ditadura impunha pela censura, esta «democracia» alcança pelo controlo dos meios de comunicação social dominantes – ditos de referência – para que a plebe continue a ser plebe, e os senhores feudais continuem a ser os senhores feudais.

No resto, é o mesmo – ou pior – forrobodó. Acredito, até, que esta «democracia» e estes «democratas» estão a fazer coisas que os homens da ditadura não fariam. Acuso-os, até, de irem mais longe em desumanidade e indiferença pelo sofrimento dos cidadãos do que os próprios fascistas.


Os manos - nova classe de boys

Corupção, tráfico de influências, amiguismo? No PS? Que ideia!

Sócrates, neste momento, é um fala-barato, um rei nu que ainda não percebeu a velocidade a que está a resvalar para o ridículo e para o descrédito. Há factos e sinais alarmante, que provam ter o homem assumido que a maioria absoluta é poder absoluto. Que as regras e a moral deixaram de contar. Por exemplo:

Há dias, o deputado do PCP, Manuel Tiago, perguntou ao Governo porque razão certo advogado foi contratado duas vezes pelo Ministério da Educação para levar a cabo determinado trabalho. Da primeira vez, embora a remuneração fosse cumprida integralmente, o trabalho não foi concluído. Apesar disso, o Ministério da Educação voltou a contratar o mesmo advogado, só que, desta vez, aumentou-lhe a retribuição, que fora de 1.500 euros mensais, no primeiro contrato, para 20 mil euros mensais, no contrato actual. O deputado quer saber – e muito bem – porque razão não foram utilizados os recursos internos do Ministério, que motivos justificaram a nova contratação, exactamente com o mesmo advogado que não cumpriu os compromissos anteriormente contratualizados, e, também, que motivos justificam um aumento de 1.233,33%.
Eu julgo que tenho a resposta para esta perguntas todas. É que, segundo consta por aí, o distinto advogado é irmão de uma célebre figura do PS, envolvido num escândalo que tem agitado a opinião pública e merecido grande cobertura da comunicação social.

O rídiculo reizinho não sabe, mas vai nu...


Mas há mais: há dias, recebi um e-mail que dizia o seguinte:

«Sabe quem é António Pinto de Sousa? É o novo responsável pelo gabinete de comunicação e imagem do Instituto da Droga e Toxicodependência. Tem competência atribuída para empossar quem quiser, independentemente da sua qualificação académica e profissional, para os cargos dirigentes do Instituto, contrariando os próprios estatutos do IDT. Ah! Já me esquecia de dizer que é irmão de José Sócrates...»

Como estas duas situações circulam sem respostas, esclarecimentos ou desmentidos, perdoe-se a veleidade, mas muito gostaria que esta simples crónica contribuísse para apurar a verdade. É que se isto for verdade, como tudo leva a crer, já nada faltará para que a náusea se transforme em vómito.

São portugueses, senhores!


Depois de tanta coisa triste – e feia – uma velha anedota para encerrar a nossa crónica de hoje – e fazer sorrir, ainda que o sorriso seja triste:

Os portugueses, hoje em dia...



Um alemão, um francês, um inglês e um português comentam uma pintura representando Adão e Eva no Paraíso.

Diz o alemão:

- Olhem que perfeição de corpos: ela esbelta e espigada, ele com este corpo atlético, os músculos perfilados... Devem ser alemães.

Imediatamente, o francês contesta:

- Não acredito. É evidente o erotismo que se desprende de ambas as figuras... Ela tão feminina... Ele tão masculino... Sabem que em breve chegará a tentação... Devem ser franceses.

Movendo negativamente a cabeça, o inglês comenta:

- Nada! Notem... A serenidade dos seus rostos, a delicadeza da pose, a sobriedade do gesto... Só podem ser ingleses.

Depois de alguns segundos de contemplação, o português afirma:

- Não concordo. Olhem bem: não têm roupa, não têm sapatos, não têm casa, só têm uma triste maçã para comer, não protestam e ainda pensam que estão no Paraíso... Só podem ser portugueses.

2 comentários:

São disse...

Sim, só podem ser portugueses!!
Não é de Portugal que tenho nojo, é dos parasitas que o exploram e, em certa medida, de quem não ergue a voz contra este estado de coisas!

Não queres ir a minha casa? Gostaria de saber a tua opinião!

Semana com saúde, amigo!

Graça Pires disse...

Já conhecia a anedota. Mas acho que não são portugueses. Temos todas as desgraças que apontas. Falta-nos tudo. Tiram-nos tudo. Somos desgovernados e mal governados. Já vamos protestamos. Mas não, nunca achamos que estamos no paraíso...
Um beijo para ti.
(Vê se esvreves textos menos extensos... Dão-me um trabalhão a ler...)